segunda-feira, 15 de outubro de 2007

É assim que te quero Amor


É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes e como arranjas os cabelos e como a tua boca sorri,
ágil como a água da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde vem nem
para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e tambem não peço a noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz e sombra és.
Chegastes a minha vida com o que trazias,
feita de luz e pão e sombra,
eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir o que não lhes direi,
que o leiam aqui e retrocedam hoje porque é cedo para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas uma folha da árvore do nosso amor,
uma folha que há-de cair sobre a terra como se a tivessem produzido os nossos lábios,
como um beijo caido das nossas alturas invencíveis para mostrar o fogo e a ternura de um amor verdadeiro.
Pablo Neruda

4 comentários:

Anónimo disse...

Poema lindo e doce como a pessoa que o publica como favorito

Anónimo disse...

Folgo em ver-te bem.


Beijinhos

Paula

Raw disse...

muito bonito :)

agora quero-te ver escrever!

beijinho,
Ricardo Seia
http://ricardoaxe.blogspot.com

Bruno disse...

Como não tenho grande afinidades com comunas gosto mais deste que até tem nome de fundador do PSD: Mário de Sá Carneiro ;)

Aqui vai um exemplar:

Como eu desejo a que ali vai na rua,
tão ágil, tão agreste, tão de amor...
Como eu quisera emaranhá-la nua,
bebê-la em espasmos de harmonia e cor!...

Desejo errado... Se eu a tivera um dia,
toda sem véus, a carne estilizada
sob o meu corpo arfando transbordada,
nem mesmo assim – ó ânsia! – eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
sobre o seu corpo de êxtases dourados,
se fosse aqueles seios transtornados,
se fosse aquele sexo aglutinante...

De embate ao meu amor todo me ruo,
e vejo-me em destroço até vencendo:
é que eu teria só, sentindo e sendo
aquilo que estrebucho e não possuo.